Acordo entre Eletropaulo, empresas de telecomunicação e Prefeitura de São Paulo permitirá que 52 km de fios de transmissão sejam distribuídos por meio de redes subterrâneas. Aproximadamente 2.019 postes serão removidos das calçadas da capital paulista.
1ª Etapa
O plano de enterramento dos fios em São Paulo vai limpar 117 ruas de 7 distritos da região central, são eles: Consolação/ Bela Vista/ República/ Santa Cecília/ Jardim Paulista/ Bom Retiro/ Brás.
Na maioria destas vias a concessionária de Energia Elétrica de São Paulo já enterrou sua fiação, mas ainda ficaram pendentes os cabos de telefonia, Tv e internet e os postes. O período de conclusão da primeira fase é para o mês de Julho de 2018.
“Esse é o primeiro passo de uma maratona. Conseguimos superar os problemas que haviam e, por meio do diálogo, conseguimos encontrar viabilidade técnica e econômica para esse projeto, que vai mudar a cara da região e auxiliar na requalificação do centro”, disse Marcos Penido, secretário municipal de Serviços e Obras, sobre o final do impasse que já durava anos entre as entidades envolvidas.
As empresas de telefonia e Internet, que atualmente pagam aluguel para usar os postes da Eletropaulo, vão bancar as obras de enterramento. O custo total ainda está sendo calculado. Para a concessionária de energia, o gasto deve ser de R$ 6 milhões para retirar os postes e reparar as calçadas públicas.
CRONOGRAMA DA OBRA
A execução da obra deve acompanhar o cronograma que envolve 12 conjuntos de ruas. Iniciando pela Rua José Paulino (Bom Retiro), terminando na Alameda Santos (Jardim Paulista).
Os dutos com cabos de telecomunicações e de empresas municipais, como da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), ficarão na mesma galeria já usada pela rede elétrica.
O objetivo da atual gestão municipal é cumprir com uma das suas promessas de campanha, dando fim à batalha administrativa entre Prefeitura e Eletropaulo. Foi estipulada uma meta de que 100 km de fios sejam enterrados a cada ano em São Paulo. A concessionária é responsável por 44 mil km de fios em sua área de concessão na grande São Paulo, dos quais apenas 3 mil km são subterrâneos e 1,2 milhão de postes.
TRANSTORNO INEVITÁVEL
Sem dúvidas a substituição da rede em postes por dutos subterrâneos na capital paulista vai causar eventuais problemas e transtornos para os paulistanos nas regiões de alcance das obras.
As empresas de telecomunicação afirmam que a substituição da rede aérea pela subterrânea não deixará ninguém sem sinal de internet, mas as valas que serão abertas em ruas e calçadas vai atrapalhar o trânsito de veículos e pedestres.
“É uma cirurgia na cidade que tem de ser feita com muita calma porque não podemos interromper os serviços e criar problemas para a população. Esse tipo de perturbação será praticamente zero. Por outro lado, haverá o transtorno da obra na rua, que é inevitável”, disse João Moura, presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp).
Como a primeira fase do projeto está focada na região central da capital, onde se concentram comércios e empresas, o início da maior parte das obras será em janeiro, depois do período de festas e de fechamento de balanço das firmas, de acordo com o presidente da Telcomp.
“São obras em regiões muitos densas, em residências, comércios, escritórios e tráfego. Não queremos prejudicar a atividade de ninguém. Por isso vamos fazer com toda cautela possível”, afirmou Moura.O enterramento dos cabos de energia e telecomunicações dá mais segurança às redes, deixando-as menos expostas a intempéries como chuvas e vendavais, e acidentes. Sem falar, ainda, da vantagem estética que a medida proporciona.
Na Rua José Paulino, no Bom Retiro, famosa pelas lojas de roupa, a fiação já fica sob o solo, o que é comemorado por comerciantes. “Ficou muito bom. A manutenção é rápida e dificilmente fico sem luz”, diz a lojista Luana Pereira, de 32 anos. “É muito melhor, tanto em termos de aparência quanto de segurança.” Já o franqueador de sorvetes naturais Márcio Morgado, de 38 anos, que trabalha na Lapa, área que está fora da primeira fase do plano, torce para que o projeto chegue à sua região. “Quando os fios forem enterrados vai ficar perfeito.”
DEPOIMENTOS
Em uma das ruas da primeira fase do programa, a Ribeiro Lima, no Bom Retiro, o emaranhado de fios dá na vista. “Recentemente pipocou tudo, ficamos um dia e meio sem luz. Até fizeram a manutenção, mas os fios ficaram assim”, diz Adriana Almeida, de 47 anos, proprietária de um café, apontando para o poste. Sem energia, o estabelecimento manteve as portas fechadas. O prejuízo calculado por ela, entre vendas que deixaram de ser feitas e salgados que acabaram indo para o lixo, foi de R$ 2,5 mil.
Adriana vê a proposta com ponderação. Para ela, o enterramento deve ser bem estudado pela Prefeitura antes da sua instalação, para evitar que surjam outros problemas. “Aqui na frente há um buraco que sempre abre quando chove, já ficou do tamanho de uma cratera. A Prefeitura fecha, o buraco abre”, exemplifica.
“É preciso resolver a estrutura da rua antes. Já pensou se abrem tudo e não conseguem fechar?”Não raro, pedestres param na Rua São Domingos, na Bela Vista, no centro, para fotografar um fio com mais de 30 pares de sapato pendurados. “Uma hora isso vai ceder ou dar um curto. É um perigo”, reclama a cabeleireira Marinalva Santos, de 45 anos, dona de um salão na rua.
Segundo Marinalva, é comum andar por ali em meio a fios caídos, muitos deles após casos de furtos de cobre. “Você nunca sabe se é de alta tensão ou se não oferece risco. Fica todo mundo com medo”, diz a cabeleireira, que aprova o enterramento previsto para a rua. “Hoje é feio, perigoso e atrapalha árvore de crescer.”
“A ideia é fantástica”, concorda Valdir Damaceno, de 54 anos, dono de um bar na São Domingos. No início do ano, conta, um caminhão passou pela rua e, alto demais, saiu arrastando os fios com ele. Foram três dias para consertar. “É bom que, embaixo do chão, evita futuros problemas.”
Fora da primeira etapa do projeto, a Rua Albion, na Lapa, zona oeste, está em uma região castigada na época de chuva – em outubro de 2016, um homem de 23 anos morreu eletrocutado durante um temporal que atingiu São Paulo, derrubou árvores e arrebentou a fiação. “Aqui, estoura transformador direto”, afirma Sidney Rocha, de 61 anos, funcionário de um estacionamento. “Quando chove, dá medo porque as árvores caem e podem sair derrubando tudo e pegar na gente.”
FONTE: Época Negócios